O que é esse amor que alguns julgam possuir pelo outro,
senão apenas o álibi consolador para a união de dois corpos? Ele é
somente o véu rosado que cobre o rosto assustador da solidão invencível!
Vestimos uma
carapaça de cinismo dizendo que amamos o outro, mas o coração já é castrado... Então, por que essa dependência lamentável? Penso que também já fui a zombaria do engodo universal! Esse amor,
de que tanto julgamos precisar, é tudo que a gente encontrou para alienar a
depressão pós sexo, para justificar a consolidação do orgasmo.
Acontece que o Amor
real, é em si, a quintessência do belo, do bem, do verdadeiro, que remodela um
ato de total prazer e sublima uma existência mesquinha...
Mas, o verdadeiro Amor Belo
está em nós mesmo, não depende do outro. Agora, o prazer só acontece na união com o
outro... Por isso, preciso que me toque devagar, como se não quisesse me
despertar. Ficamos com as bocas coladas, as línguas se acariciando... E nesse
instante me leva nua para a cama. Sua necessidade faz com que perca toda a delicadeza e
empurre sua carne para dentro... Sou somente corpo, boca, pele, línguas...
E a vida brota da semente, dos poucos segundos de êxtase. Tuas mãos como um
brinquedo passeiam pelo meu corpo. Não revelam segredos, desvendam apenas o
pudor do mundo, descobrem a febre que arde e num breve momento nos tornamos um,
ao mesmo tempo em que a escuridão explode em festa. Por alguns segundos a noite
amanhece em versos, com a música do seu hálito ofegante. Seu toque abre minha
carne ao calor, à luz, como uma flor. Suas mãos com a textura de seda sobre a minha
pele febril. Meus olhos convidam-no. Novamente sua mão move-se furtiva, suave... É tentador, cruel... Sinto uma
febre que não se contenta apenas com um breve prazer... Quero nossos corpos carregados
de desejos, obcecados por nossas exigências eróticas... Deixa-me bêbeda com
palavras acariciantes... Deixa meu corpo todo estremecer e avança comigo... O prazer se faz sublime quando o meu corpo, feito
água, descobre todos os caminhos do seu. E deixa-se ficar onde você mergulha em
mim. Deixo meu corpo entender-se com o seu. Porque os corpos se entendem... O
sol brota de dentro de mim... Breves segundos... E por alguns instantes,
despe-me do sofrimento... E sou feliz, o Belo se faz presente nesse instante fugaz e sim, eu sinto o verdadeiro amor pulsar em mim!