sexta-feira, 7 de março de 2014

Na casa que habita a consciência não mora fantasma.


"Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.” (Clarice Lispector).

Existem momentos em que quero ir ao limite das minhas fantasias, e de repente ouço uma voz que diz que isto é proibido, que estou louca, apenas me deixando levar... Iminente está o limite. Somos limitados, e arriscar possibilita erros e estes podem trazer culpa!

Mas, racionalizar tudo e sufocar o impulso não é uma maneira de permitir a entrada de fantasmas em nossa “casa”? Sim, quando menos se espera lá vem ele, o fantasma da culpa, se aloja ali, e mesmo que o tempo passa, ficamos relembrando nossos erros passados, nos punindo, gerando tristeza, depressão e desequilíbrio emocional.

A culpa pode ultrapassar os limites e se tornar exagerada, e então é devastadora. Mantém-nos amarrado ao passado, corrói a qualidade de vida do presente, e nos impede de fazer planos e se lançar no futuro. A culpa nos traz raiva e frustração.

Alguém me disse ainda a pouco que a vida é cíclica, e acredito nisso. É que o mundo gira suspenso em seu eixo e sempre volta em harmonia. Então por que permitimos a entrada desses “fantasmas culpa” em nossas vidas?

Temos que compreender e aceitar que todos nós somos seres imperfeitos, e fazemos coisas erradas durante nossa vida. Precisamos ter consciência de que todos nós somos limitados, mas usar os limites como travas e cercas é aprisionar-se! Devemos apenas saber que tudo tem um preço, toda decisão faz parte de um processo de escolhas, e no momento seguinte é sempre uma surpresa, não tem como saber, mesmo porque buscar certezas é alavancar limites cada vez maiores e sufocantes.

Constantemente criamos uma fantasia de controle sobre o caos que é a vida, mas várias situações fogem desse controle, é impossível ter o domínio de tudo.

Então, como ter paz se não conseguirmos destruir esse fantasma?

Chego a pensar que a culpa foi uma descoberta inteligente do ser humano para dominar o outro ser humano. Quando estamos em culpa, estamos vulneráveis, debilitado e predisposto a ser conduzido por qualquer um que tenha a possibilidade de nos redimir e manipular.

Por isso, se queremos nos libertar desse fantasma, a primeira atitude é não fugir dele, mas enfrenta-lo, buscá-lo e descobrir quando foi implantada a “culpa” dentro de nós. Pois, quando compreendermos que não há culpa e arrependimento, mas sim, compreensão e aprendizado, seremos livres.

Se você se deitar comigo...

É só mais uma noite e eu estou encarando a lua, vejo uma estrela cadente e penso em você. Há uma ligação entre as belezas do mundo e voc...