Hoje
me permiti caminhar pelos caminhos da mente. Recuei-me para ver melhor,
deixei-me livre para pisar na estrada do meu interior. E me vi lá, correndo
leve e feliz. Sentei-me no campo do meu abismo e vi diante de mim um grande
palco onde estavam todos os meus “eus”. Havia uma criança linda que sorria um
riso constante e doce, um velho de olhar penetrante e sábio, uma senhora
carrancuda e emburrada, uma mulher deslumbrante vestida de maneira provocante e
usando batom vermelho... Conversei com elas, todas aquelas personagens, todas
fazendo parte do grande palco. Eu as ouvi, depois apenas assisti... De repente
tomei posse do grande cenário, era a diretora, quem orientava, e não era mais
eu quem as ouvia, era eu quem falava com elas, toda segura... A sensação era de
domínio, de poder... Então tomei consciência, tudo, tudo estava no meu domínio
e eu era tão livre, tão livre... Senti vontade de dançar, girar, girar. Vi
campinas verdes, flores brancas e o raio de sol deixando tudo brilhante. Havia
borboletas, cores, vida, havia tanta vida lá...
É
bom viajar em imaginações enquanto a vida real está parada, estagnada. Minha
mente se movimenta... Chega o pensamento sorrateiro, vejo lugares, coisas,
pessoas, trabalho, viagens, amigos, amores, família, não necessariamente nessa
ordem, mas o pensamento é como uma fonte vertendo água incessantemente. Às
vezes de forma inesperada é como se essa água surgisse suja, mesclam em minha
mente leve os pensamentos estranhos, confusos, às vezes sujos e aí destoa a
harmonia das coisas belas. Há uma tristeza que toma conta...
Por isso,
quero ir tão distante quanto pode minha mente, percorrer caminhos estreitos,
mas ser capaz de ver as sebes com árvores sombrosas, subir por montanhas
púrpuras e com todas as curvas, sabendo que todas as estradas levam apenas para
dentro. Não há fim na jornada. Mas, quero a beleza do caminho. Estes são meus
sonhos, tão simples e poucos. Só não quero o inverno profundo da ignorância.
Sei que qualquer estrada leva adiante, e que sempre vem uma tempestade, e há os
nossos medos, porém a jornada continua e há tantas flores, vida e amor... E à
medida que o amor se aproxima aquieta meu coração. Quero a serenidade que me
faz ver belezas através desta terra. Poder não ser atingida pelo pior das
paixões, não cair mais nas pedras duras e frias da depressão. Eu sei que posso
adquirir os dons da mente, preciso entender o sinal secreto, ver a tonalidade
firme das nuvens do meu destino, escrever o poema belo da minha vida, até
chegar à tranquilidade do meu ser. Entender os meus fantasmas e depois vê-los
indo para longe de mim... E deixar que minha essência seja luz!