Estou deitada no largo espaço do meu oceano. Não há
remédio para memórias. Sinto, em muitos momentos, minha alma assombrada com
tantas recordações. Quando fecho os olhos é como estar num paraíso sombrio, carregando
mais um dia de desilusão. Preparo a terra, planto as sementes da esperança e
sento de frente para o campo imenso da solidão... Espero!
Reinvento-me. Já fui tantas. Queria ser apenas uma,
mas é inviável, obviamente, pois me dividir ajuda a não transbordar e
derramar-me. Sendo muitas estou me apaixonando, me perdendo, estou rindo, estou
chorando. Paro de rir, volto a chorar, seco as lágrimas e meus olhos ressecam-se...
Desespero!
Sou um castelo de areia que só foi feito pra ser
visto, (que quando o tocamos ele desmancha-se). Já os meus olhos foram feitos
para serem olhados. Para através dele, enxergar minha essência. Lembro de
alguém que chegou tão perto da minha alma, que fez meu corpo querer acalmar
dentro da alma dele. Eu nem sabia que tinha algo a perder. O fato é que sempre
temos algo a perder. Só que, às vezes, é confortável achar que não. A
repercussão dos atos é o que proíbe a ação. Mas, se não houvesse consequências,
eu arriscaria tudo e perderia ainda assim. Acontece que não há mérito na
coragem dos desesperados. Será que devo ser como um leão medroso? Ter cultivado
mais esperanças do que bravuras?
Às vezes me sinto fria feito gelo. Espanto-me quando
vejo no meu rosto a inocência misturando-se aos corvos refletidos nos rubis.
Vejo meus olhos vermelhos pelo choro sentido. Sinto uma vontade de voltar pra
casa e sempre acabo caindo na toca profunda... Desilusão!
De repente sinto medo que minha alma morra. Cada vez que descubro que os momentos mágicos
já se foram, minha alma, como o corpo, fecha os olhos para o mundo e sinto indo
embora a alegria de viver. A realidade tão crua me golpeia com a cegueira
eterna. A insensibilidade, a apatia total, absoluta, separa-me do mundo
exterior para me encerrar dentro de mim mesma. Há determinados instantes em que
é sufocante essa masmorra interior... Assusto-me ao perceber que posso estar
sendo meu próprio algoz. Aprisionada em minhas angustias, nada nem
ninguém consegue me libertar... Sofrimento!
Choro lágrimas que não são vistas e escrevo frases
com “as tintas da melancolia”. O acaso do sol nada mais é do que mero acaso e o
amanhecer, apenas mais um dia que tenho de suportar. Não é assim que morre a
alma? Aos poucos deixa de ser e nos anula?
Não, não posso deixar morrer minha alma! Porque pior
do que ignorar o belo é sabê-lo e ser indiferente... Pior do que não sentir as
emoções não é negá-las, mas delas não se aperceber... Pior, muito pior do que
morrer é anestesiar a vida... Mesmo que em alguns momentos, neste vasto oceano
de mim, me sinta cansada dos embates... Jamais, jamais vou permitir a morte da alma!
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