domingo, 11 de novembro de 2012

Madrugada...

Madrugada, Lisa caminha por ruas ainda escuras e molhadas com chuvas de gelo. O frio penetra para além de sua pele alva, entra em sua alma, tão branca como neve. Sua mente está em guerra!
A dúvida cega seu coração. Seu amor era tão perfeito... Como foi fácil amá-lo! E de repente abre-se à sua frente uma vastidão, um imenso vazio, e ela pensa; como posso viver sem minha vida?
Lisa ama Diogo assim como Cathy a Heathcliff, com a urgência de possuí-lo por inteiro. Sentia-o como o próprio ar que respira. O ar agora parece não chegar a seu pulmão, sente-se sufocar; ele se foi e ela permanece... Um breve instante e tudo mudou.
Atravessa a rua e para sobre a ponte. O rio lá embaixo dança ao ritmo continuo de suas correntes. Assim, dança o sangue em suas veias e as lágrimas em suas faces. Diogo se foi! Há um grito surdo ecoando em sua mente... Lisa sente que sem a presença dele seu destino será vagar numa estrada sem horizonte, pois seu ponto final não está mais lá. Seguirá uma trilha de lágrimas, a loucura a dominará; viver será uma luta injusta!
Fecha os olhos e o cenário pintado em sua mente é o rosto amado sem vida...
Então se lembra; seu mundo começou quando o amou, pois o próprio tempo o trouxe para si, e suas almas se uniram na vivencia de um amor selvagem. E agora; será a morte a sua casa?
O vento inquieto agita seus cabelos. As águas lá embaixo segue seu curso. São turvas e ligeiras, correndo para um destino incerto, arrastando coisas e levando segredos. Ela então encara a fronteira intocada da sua razão e a terra santa do seu espírito angustiado; eu ainda devo acreditar na vida?
Senta-se sobre o pequeno muro da ponte, e lembra a voz de Diogo ao dizer; “você é como os lobos, sua força é o que me faz mais forte”. Se o destino a poupara, será que a dívida é apenas uma vida?
Nesse momento, no escuro silencio do seu inconsciente ouve uma voz; “nosso espírito estava junto muito antes daqui, e o tempo é que a trará inteiramente para mim”.
Lisa encara o infinito e percebe o inicio do amanhecer. Uma luz fraca lá no horizonte vem clareando, e, logo mais, tudo clareará esplendorosamente. Então descobre que não está sozinha, pois acredita além do que vê.
Lisa num sobressalto descobre que a alma de Diogo está na sua, permanece nela, faz parte dela... A brisa suave acaricia seu rosto, um sorriso a ilumina; seus sonhos nunca murcharão! A morte levou o corpo do seu amor, e as lágrimas de tristeza sempre gelará sua pele, seu corpo estará frio sem o calor dele, mas sua alma sempre estará completa.
A dúvida dissipa, seu coração está leve; neste breve voo desatinado de sua mente, Lisa descobriu que não importa quanto tempo terá que viver. Não importa quando irão encontrar-se novamente, nem a distancia do mundo físico que os separou tão abruptamente. Ela agora sabe; sua morte fará com que se encontrem. A perda das suas vidas resgatarão suas almas... Mas, ainda não é seu tempo... E o amor será sua força, e será o misterioso destino que a levará ao sublime momento do reencontro!

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