domingo, 27 de outubro de 2013

Prazer...

O que é esse amor que alguns julgam possuir pelo outro, senão apenas o álibi consolador para a união de dois corpos? Ele é somente o véu rosado que cobre o rosto assustador da solidão invencível!
Vestimos uma carapaça de cinismo dizendo que amamos o outro, mas o coração já é castrado... Então, por que essa dependência lamentável? Penso que também já fui a zombaria do engodo universal! Esse amor, de que tanto julgamos precisar, é tudo que a gente encontrou para alienar a depressão pós  sexo, para justificar a consolidação do orgasmo.
Acontece que o Amor real, é em si, a quintessência do belo, do bem, do verdadeiro, que remodela um ato de total prazer e sublima uma existência mesquinha...
Mas, o verdadeiro Amor Belo está em nós mesmo, não depende do outro. Agora, o prazer só acontece na união com o outro... Por isso, preciso que me toque devagar, como se não quisesse me despertar. Ficamos com as bocas coladas, as línguas se acariciando... E nesse instante me leva nua para a cama. Sua necessidade faz com que perca toda a delicadeza e empurre sua carne para dentro... Sou somente corpo, boca, pele, línguas... E a vida brota da semente, dos poucos segundos de êxtase. Tuas mãos como um brinquedo passeiam pelo meu corpo. Não revelam segredos, desvendam apenas o pudor do mundo, descobrem a febre que arde e num breve momento nos tornamos um, ao mesmo tempo em que a escuridão explode em festa. Por alguns segundos a noite amanhece em versos, com a música do seu hálito ofegante. Seu toque abre minha carne ao calor, à luz, como uma flor. Suas mãos com a textura de seda sobre a minha pele febril. Meus olhos convidam-no. Novamente sua mão move-se furtiva, suave... É tentador, cruel... Sinto uma febre que não se contenta apenas com um breve  prazer... Quero nossos corpos carregados de desejos, obcecados por nossas exigências eróticas... Deixa-me bêbeda com palavras acariciantes... Deixa meu corpo todo estremecer e avança comigo... O prazer se faz sublime quando o meu corpo, feito água, descobre todos os caminhos do seu. E deixa-se ficar onde você mergulha em mim. Deixo meu corpo entender-se com o seu. Porque os corpos se entendem... O sol brota de dentro de mim... Breves segundos... E por alguns instantes, despe-me do sofrimento... E sou feliz, o Belo se faz presente nesse instante fugaz e sim, eu sinto o verdadeiro amor pulsar em mim! 

sábado, 28 de setembro de 2013

Pensando em você...

Às vezes posso acordar, num dia, desprovida de razão, sem nenhuma noção de certo e errado, sem nenhuma confiança nas minhas próprias convicções. A vida é dura demais, meu coração pode estar ferido demais.  Existe uma causa dentro de mim que pode ser impenetrável. Existem resultados imprevisíveis de situações que não podem ser, por mim, completamente dominadas... Existem tantas coisas dentro que não tem como saber, que simplesmente não posso prever... A vida é como se fosse um mar... Algumas pessoas mergulham de cabeça por não ter medo, e outras mergulham por falta de opção. Há aquelas que por medo preferem nunca mergulhar nesse mar, esperando pela maré perfeita que nunca será boa o suficiente. Tem pessoas que querem mergulhar na vida, mas são impedidas! Ao contrário de outras que não querem de jeito nenhum, mas são empurradas por aqueles que acham ter o direito de interferir na decisão alheia... Enfim, a verdade é que todos devem ter o direito de escolha. A escolha de mergulhar, ou não.
Apesar de todos os medos, quero mergulhar no mar da vida e deixar as ondas lavar minhas lágrimas. Deixar o vento guiar a minha memória, e então os anos se passarão, e não viverei dentro dessa cela rochosa...
Alguém pode tornar meus encantos úteis e minha força pode ser a força dele. Não importa que a felicidade esteja numa linha tênue; pode haver uma verdade e posso ser libertada. Sei que alguém pode libertar-me das minhas amarras com suas boas mãos, seu suave sopro em minhas velas empurrará meu barco para um mundo melhor.  Eu sei que precisamos de bravura para realizar, arte para encantar, e então será o fim da angustia de estar só. E, só quero segurar a sua mão, sentir que você veio pra se arrumar na minha confusão, pra acender a luz que apaga a solidão, pra refletir os seus olhos nos meus e o seu sorriso no meu... Só isso!

sábado, 14 de setembro de 2013

A alma deve permanecer viva!

Estou deitada no largo espaço do meu oceano. Não há remédio para memórias. Sinto, em muitos momentos, minha alma assombrada com tantas recordações. Quando fecho os olhos é como estar num paraíso sombrio, carregando mais um dia de desilusão. Preparo a terra, planto as sementes da esperança e sento de frente para o campo imenso da solidão... Espero!
Reinvento-me. Já fui tantas. Queria ser apenas uma, mas é inviável, obviamente, pois me dividir ajuda a não transbordar e derramar-me. Sendo muitas estou me apaixonando, me perdendo, estou rindo, estou chorando. Paro de rir, volto a chorar, seco as lágrimas e meus olhos ressecam-se... Desespero!
Sou um castelo de areia que só foi feito pra ser visto, (que quando o tocamos ele desmancha-se). Já os meus olhos foram feitos para serem olhados. Para através dele, enxergar minha essência. Lembro de alguém que chegou tão perto da minha alma, que fez meu corpo querer acalmar dentro da alma dele. Eu nem sabia que tinha algo a perder. O fato é que sempre temos algo a perder. Só que, às vezes, é confortável achar que não. A repercussão dos atos é o que proíbe a ação. Mas, se não houvesse consequências, eu arriscaria tudo e perderia ainda assim. Acontece que não há mérito na coragem dos desesperados. Será que devo ser como um leão medroso? Ter cultivado mais esperanças do que bravuras?
Às vezes me sinto fria feito gelo. Espanto-me quando vejo no meu rosto a inocência misturando-se aos corvos refletidos nos rubis. Vejo meus olhos vermelhos pelo choro sentido. Sinto uma vontade de voltar pra casa e sempre acabo caindo na toca profunda... Desilusão!
De repente sinto medo que minha alma morra.  Cada vez que descubro que os momentos mágicos já se foram, minha alma, como o corpo, fecha os olhos para o mundo e sinto indo embora a alegria de viver. A realidade tão crua me golpeia com a cegueira eterna. A insensibilidade, a apatia total, absoluta, separa-me do mundo exterior para me encerrar dentro de mim mesma. Há determinados instantes em que é sufocante essa masmorra interior... Assusto-me ao perceber que posso estar sendo meu próprio algoz. Aprisionada em minhas angustias, nada nem ninguém consegue me libertar... Sofrimento!
Choro lágrimas que não são vistas e escrevo frases com “as tintas da melancolia”. O acaso do sol nada mais é do que mero acaso e o amanhecer, apenas mais um dia que tenho de suportar. Não é assim que morre a alma? Aos poucos deixa de ser e nos anula?
Não, não posso deixar morrer minha alma! Porque pior do que ignorar o belo é sabê-lo e ser indiferente... Pior do que não sentir as emoções não é negá-las, mas delas não se aperceber... Pior, muito pior do que morrer é anestesiar a vida... Mesmo que em alguns momentos, neste vasto oceano de mim, me sinta cansada dos embates... Jamais, jamais vou permitir a morte da alma!


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Vou acreditar!

Perguntamos-nos se é de outras vidas, de outros tempos... Essa força que se aproxima com uma velocidade docemente assustadora. Questiono; deixo-me levar? “Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação”. (Clarice Lispector) Essas palavras fazem eco em minha mente, pois o medo é uma reação instintiva diante do desconhecido. Mas, o desconhecido não vai desaparecer totalmente se o enfrentarmos?
Não sei por que temos o apego, o hábito que comanda nossos dias, e esse medo do novo, do desconhecido, da solidão... Quantas vezes preferimos o que não gostamos porque já o conhecemos, e não nos arriscamos em busca do que realmente poderíamos gostar! Não será fraqueza isso?
O medo do desconhecido, da decepção e de recomeçar sempre nos impede de dar passos maiores, e a nossa felicidade vai ficando pra trás. O tempo é impiedoso. Não temos como regravar as cenas da vida ou ficar ensaiando... Por isso, é melhor o risco da decepção do que ficar pensando se daria certo ou não. Sim! Vou viver cada dia, apenas o dia... Porque é belo sonhar, acreditar e querer. E a beleza pode ser seus olhos, e eles podem ser uma eterna fonte de luz que pode iluminar meu coração. Pode ser que eu veja meu futuro neles, pode ser que ao seu lado eu não precise temer mais a solidão. Pode ser que os meus olhos brilhem e iluminem os seus, e que nos levem pelos caminhos da vida guiando-os na direção certa. Pode ser que essa direção seja a felicidade, e esta seja a verdade, a pura emoção... Pode ser...
Vou me permitir ser sonhadora. Dormir a seu lado, e não vou deixar que as incertezas destruam meu espírito.  São meus sonhos que devem me guiar. Seu querer e o meu é que fará com que construímos coisas... Pode ser que um dia, eu venha a conhecer os seus medos e você conhecerá os meus, mas agora não quero deixar as dúvidas paralisar-me, pois sei, podemos ficar bem! Podemos acreditar!

domingo, 11 de novembro de 2012

Madrugada...

Madrugada, Lisa caminha por ruas ainda escuras e molhadas com chuvas de gelo. O frio penetra para além de sua pele alva, entra em sua alma, tão branca como neve. Sua mente está em guerra!
A dúvida cega seu coração. Seu amor era tão perfeito... Como foi fácil amá-lo! E de repente abre-se à sua frente uma vastidão, um imenso vazio, e ela pensa; como posso viver sem minha vida?
Lisa ama Diogo assim como Cathy a Heathcliff, com a urgência de possuí-lo por inteiro. Sentia-o como o próprio ar que respira. O ar agora parece não chegar a seu pulmão, sente-se sufocar; ele se foi e ela permanece... Um breve instante e tudo mudou.
Atravessa a rua e para sobre a ponte. O rio lá embaixo dança ao ritmo continuo de suas correntes. Assim, dança o sangue em suas veias e as lágrimas em suas faces. Diogo se foi! Há um grito surdo ecoando em sua mente... Lisa sente que sem a presença dele seu destino será vagar numa estrada sem horizonte, pois seu ponto final não está mais lá. Seguirá uma trilha de lágrimas, a loucura a dominará; viver será uma luta injusta!
Fecha os olhos e o cenário pintado em sua mente é o rosto amado sem vida...
Então se lembra; seu mundo começou quando o amou, pois o próprio tempo o trouxe para si, e suas almas se uniram na vivencia de um amor selvagem. E agora; será a morte a sua casa?
O vento inquieto agita seus cabelos. As águas lá embaixo segue seu curso. São turvas e ligeiras, correndo para um destino incerto, arrastando coisas e levando segredos. Ela então encara a fronteira intocada da sua razão e a terra santa do seu espírito angustiado; eu ainda devo acreditar na vida?
Senta-se sobre o pequeno muro da ponte, e lembra a voz de Diogo ao dizer; “você é como os lobos, sua força é o que me faz mais forte”. Se o destino a poupara, será que a dívida é apenas uma vida?
Nesse momento, no escuro silencio do seu inconsciente ouve uma voz; “nosso espírito estava junto muito antes daqui, e o tempo é que a trará inteiramente para mim”.
Lisa encara o infinito e percebe o inicio do amanhecer. Uma luz fraca lá no horizonte vem clareando, e, logo mais, tudo clareará esplendorosamente. Então descobre que não está sozinha, pois acredita além do que vê.
Lisa num sobressalto descobre que a alma de Diogo está na sua, permanece nela, faz parte dela... A brisa suave acaricia seu rosto, um sorriso a ilumina; seus sonhos nunca murcharão! A morte levou o corpo do seu amor, e as lágrimas de tristeza sempre gelará sua pele, seu corpo estará frio sem o calor dele, mas sua alma sempre estará completa.
A dúvida dissipa, seu coração está leve; neste breve voo desatinado de sua mente, Lisa descobriu que não importa quanto tempo terá que viver. Não importa quando irão encontrar-se novamente, nem a distancia do mundo físico que os separou tão abruptamente. Ela agora sabe; sua morte fará com que se encontrem. A perda das suas vidas resgatarão suas almas... Mas, ainda não é seu tempo... E o amor será sua força, e será o misterioso destino que a levará ao sublime momento do reencontro!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Me cobre com você!

Em algum lugar, oculta em minha memória, imagens flutuam. E diante dos meus olhos eis que surge sua imagem. E quando firmo meu olhar, sinto que seu riso desce do céu a procurar-me, e vejo que me abre todas as portas da vida. Meu coração, neste instante parece dançar. Eu posso ver luzes na distância tremendo no manto escuro da noite. Você chegou!
Sorri, e o teu riso é música, rio que vai para o meu mar. É vento que sopra no meu outono. Teu riso deve erguer-se para além da minha angustia e trazer a primavera e o amor. Desejo com toda a força teu riso, pois ele trás esse amor que ainda será o Senhor de tudo.
Teu brilho é diferente. Teu jeito é multicor, seus traços revelam a suavidade da primavera, a tranquilidade que tanto almeja minha alma.
Você pode resgatar este meu EU para todo o sempre. Vivo perdida, como alguém sem nome, sem um coração honesto que me indique a direção. Vivo me esforçando para encontrar a perdida linha da vida. Oh, como eu desejo sua energia caindo sobre mim como uma chuva suave. Tudo o que eu quero é sonhar novamente...
 Anjo, seu coração amoroso pode tirar o meu da escuridão. Por esperança eu daria meu tudo. Minha flor murcha entre as páginas do meu livro, mas, seu amor faz florescer, torna o momento único e eterno, esqueço meus pecados.
Mesmo que eu ande pelo caminho escuro, minha mente dorme com você. Em minha memória peço ajuda ao passado, você chega e aquece-me, e revela para mim meu nome verdadeiro. Fecho os olhos e me sinto navegando para casa...
Venha me cobrir com você, deixa essa emoção me levar e me confortar. Só assim, sinto o amor puro, que permanece...
Sei que o tempo devora a vida, a paixão devora a beleza, mas contigo meu mundo pode ser completo. Quando você chega e me cobre com você!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Contraste...

Vivo em um contraste; sinto que tenho dentro de mim o oceano e o deserto, um lugar povoado e outro ermo. Há em mim fartura e carência, medo e desafio. Tenho a eloquência e a absurda mudez, a surpresa e a antiguidade, o requinte e a rudeza. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e lentidão. Música alta e silêncio… Vivo entre o mundano e o sagrado, o puro e o obsceno. A carne que pede pecado, o espírito que pede renuncia. A paixão que alastra, queima e suja. A lucidez que amarga, tortura e trás culpa. Essa dualidade enlouquece, me aproxima e distancia. Faz-me viva num instante e em outro estou morta. A alegria do momento, a vergonha do depois. O calor do ritmo, do contato, do corpo. O frio da realidade, da insensibilidade, o gelo da mente. Não quero que as coisas permaneçam como estão. Sinto-me afastando das pessoas e de mim mesmo cada dia mais. Mas, ao mesmo tempo, não quero continuar perto das mesmas pessoas e muito menos de mim mesma. Essa terrível sensação de que as semanas têm durado infinitamente mais do que deveriam e de que os momentos que deveriam ser eternizados como únicos se tornaram banais e repetitivos. Deus, como sinto falta de um propósito. De planos. De anseios.
Lembro quando eu era mais nova, deitada na minha cama madrugadas inteira, ouvindo minhas músicas e sonhando com objetivos e designando a mim mesma tarefas que fariam eu me aproximar de quem eu queria e deveria ser. Acredito que quem sou hoje não é o resultado que eu tanto esperei alcançar.
Não quero me lamentar, só precisei escrever pra quem sabe, de algum forma, entender o que estou sentindo. Organizar meus pensamentos até criarem forma e me dizerem onde preciso chegar.
Viver dubiamente é ter constantes incertezas. Tão mais fácil seguir uma receita do que me arriscar e falhar por conta própria. Tão mais fácil culpar terceiros inocentes a primários verdadeiramente envolvidos. E, de uma forma ou de outra sou sempre primário, sou sempre terceiros. Sou um espectador assistindo a um filme do qual fez figuração.
Queria viver de amor, vinho, música e poesia. Mas, o amor acaba o vinho embriaga, a música termina e a poesia se vende. Na verdade, acredito que esses quatro elementos são ramos diferentes da mesma árvore. Dessa árvore eu sou a raiz. Aquela que cava em direção às águas até chegar ao ponto mais profundo, estável, porém intocável e invisível. Ou eu me mostro e mato a árvore ou permaneço onde estou até que a árvore seja arrancada pela mesma mão que a cultivou. Eu sei que é preciso manter a árvore viva, e que meus frutos (o amor, o vinho, a música e a poesia) possam ser extraídos um a um, de acordo com a estação do ano a que pertencem. Mas, o que fazer se sempre me encontro no outono, onde não tenho muitos frutos para serem extraídos, e o que me resta é cavar rumo às águas o mais profundo que eu puder...
Minha dualidade rouba-me a liberdade, pois como diz uma de minhas escritoras preferidas, Clarice Lispector, “Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade, mas estou presa dentro de mim.”!!!

Se você se deitar comigo...

É só mais uma noite e eu estou encarando a lua, vejo uma estrela cadente e penso em você. Há uma ligação entre as belezas do mundo e voc...