quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Vou acreditar!

Perguntamos-nos se é de outras vidas, de outros tempos... Essa força que se aproxima com uma velocidade docemente assustadora. Questiono; deixo-me levar? “Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação”. (Clarice Lispector) Essas palavras fazem eco em minha mente, pois o medo é uma reação instintiva diante do desconhecido. Mas, o desconhecido não vai desaparecer totalmente se o enfrentarmos?
Não sei por que temos o apego, o hábito que comanda nossos dias, e esse medo do novo, do desconhecido, da solidão... Quantas vezes preferimos o que não gostamos porque já o conhecemos, e não nos arriscamos em busca do que realmente poderíamos gostar! Não será fraqueza isso?
O medo do desconhecido, da decepção e de recomeçar sempre nos impede de dar passos maiores, e a nossa felicidade vai ficando pra trás. O tempo é impiedoso. Não temos como regravar as cenas da vida ou ficar ensaiando... Por isso, é melhor o risco da decepção do que ficar pensando se daria certo ou não. Sim! Vou viver cada dia, apenas o dia... Porque é belo sonhar, acreditar e querer. E a beleza pode ser seus olhos, e eles podem ser uma eterna fonte de luz que pode iluminar meu coração. Pode ser que eu veja meu futuro neles, pode ser que ao seu lado eu não precise temer mais a solidão. Pode ser que os meus olhos brilhem e iluminem os seus, e que nos levem pelos caminhos da vida guiando-os na direção certa. Pode ser que essa direção seja a felicidade, e esta seja a verdade, a pura emoção... Pode ser...
Vou me permitir ser sonhadora. Dormir a seu lado, e não vou deixar que as incertezas destruam meu espírito.  São meus sonhos que devem me guiar. Seu querer e o meu é que fará com que construímos coisas... Pode ser que um dia, eu venha a conhecer os seus medos e você conhecerá os meus, mas agora não quero deixar as dúvidas paralisar-me, pois sei, podemos ficar bem! Podemos acreditar!

domingo, 11 de novembro de 2012

Madrugada...

Madrugada, Lisa caminha por ruas ainda escuras e molhadas com chuvas de gelo. O frio penetra para além de sua pele alva, entra em sua alma, tão branca como neve. Sua mente está em guerra!
A dúvida cega seu coração. Seu amor era tão perfeito... Como foi fácil amá-lo! E de repente abre-se à sua frente uma vastidão, um imenso vazio, e ela pensa; como posso viver sem minha vida?
Lisa ama Diogo assim como Cathy a Heathcliff, com a urgência de possuí-lo por inteiro. Sentia-o como o próprio ar que respira. O ar agora parece não chegar a seu pulmão, sente-se sufocar; ele se foi e ela permanece... Um breve instante e tudo mudou.
Atravessa a rua e para sobre a ponte. O rio lá embaixo dança ao ritmo continuo de suas correntes. Assim, dança o sangue em suas veias e as lágrimas em suas faces. Diogo se foi! Há um grito surdo ecoando em sua mente... Lisa sente que sem a presença dele seu destino será vagar numa estrada sem horizonte, pois seu ponto final não está mais lá. Seguirá uma trilha de lágrimas, a loucura a dominará; viver será uma luta injusta!
Fecha os olhos e o cenário pintado em sua mente é o rosto amado sem vida...
Então se lembra; seu mundo começou quando o amou, pois o próprio tempo o trouxe para si, e suas almas se uniram na vivencia de um amor selvagem. E agora; será a morte a sua casa?
O vento inquieto agita seus cabelos. As águas lá embaixo segue seu curso. São turvas e ligeiras, correndo para um destino incerto, arrastando coisas e levando segredos. Ela então encara a fronteira intocada da sua razão e a terra santa do seu espírito angustiado; eu ainda devo acreditar na vida?
Senta-se sobre o pequeno muro da ponte, e lembra a voz de Diogo ao dizer; “você é como os lobos, sua força é o que me faz mais forte”. Se o destino a poupara, será que a dívida é apenas uma vida?
Nesse momento, no escuro silencio do seu inconsciente ouve uma voz; “nosso espírito estava junto muito antes daqui, e o tempo é que a trará inteiramente para mim”.
Lisa encara o infinito e percebe o inicio do amanhecer. Uma luz fraca lá no horizonte vem clareando, e, logo mais, tudo clareará esplendorosamente. Então descobre que não está sozinha, pois acredita além do que vê.
Lisa num sobressalto descobre que a alma de Diogo está na sua, permanece nela, faz parte dela... A brisa suave acaricia seu rosto, um sorriso a ilumina; seus sonhos nunca murcharão! A morte levou o corpo do seu amor, e as lágrimas de tristeza sempre gelará sua pele, seu corpo estará frio sem o calor dele, mas sua alma sempre estará completa.
A dúvida dissipa, seu coração está leve; neste breve voo desatinado de sua mente, Lisa descobriu que não importa quanto tempo terá que viver. Não importa quando irão encontrar-se novamente, nem a distancia do mundo físico que os separou tão abruptamente. Ela agora sabe; sua morte fará com que se encontrem. A perda das suas vidas resgatarão suas almas... Mas, ainda não é seu tempo... E o amor será sua força, e será o misterioso destino que a levará ao sublime momento do reencontro!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Me cobre com você!

Em algum lugar, oculta em minha memória, imagens flutuam. E diante dos meus olhos eis que surge sua imagem. E quando firmo meu olhar, sinto que seu riso desce do céu a procurar-me, e vejo que me abre todas as portas da vida. Meu coração, neste instante parece dançar. Eu posso ver luzes na distância tremendo no manto escuro da noite. Você chegou!
Sorri, e o teu riso é música, rio que vai para o meu mar. É vento que sopra no meu outono. Teu riso deve erguer-se para além da minha angustia e trazer a primavera e o amor. Desejo com toda a força teu riso, pois ele trás esse amor que ainda será o Senhor de tudo.
Teu brilho é diferente. Teu jeito é multicor, seus traços revelam a suavidade da primavera, a tranquilidade que tanto almeja minha alma.
Você pode resgatar este meu EU para todo o sempre. Vivo perdida, como alguém sem nome, sem um coração honesto que me indique a direção. Vivo me esforçando para encontrar a perdida linha da vida. Oh, como eu desejo sua energia caindo sobre mim como uma chuva suave. Tudo o que eu quero é sonhar novamente...
 Anjo, seu coração amoroso pode tirar o meu da escuridão. Por esperança eu daria meu tudo. Minha flor murcha entre as páginas do meu livro, mas, seu amor faz florescer, torna o momento único e eterno, esqueço meus pecados.
Mesmo que eu ande pelo caminho escuro, minha mente dorme com você. Em minha memória peço ajuda ao passado, você chega e aquece-me, e revela para mim meu nome verdadeiro. Fecho os olhos e me sinto navegando para casa...
Venha me cobrir com você, deixa essa emoção me levar e me confortar. Só assim, sinto o amor puro, que permanece...
Sei que o tempo devora a vida, a paixão devora a beleza, mas contigo meu mundo pode ser completo. Quando você chega e me cobre com você!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Contraste...

Vivo em um contraste; sinto que tenho dentro de mim o oceano e o deserto, um lugar povoado e outro ermo. Há em mim fartura e carência, medo e desafio. Tenho a eloquência e a absurda mudez, a surpresa e a antiguidade, o requinte e a rudeza. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e lentidão. Música alta e silêncio… Vivo entre o mundano e o sagrado, o puro e o obsceno. A carne que pede pecado, o espírito que pede renuncia. A paixão que alastra, queima e suja. A lucidez que amarga, tortura e trás culpa. Essa dualidade enlouquece, me aproxima e distancia. Faz-me viva num instante e em outro estou morta. A alegria do momento, a vergonha do depois. O calor do ritmo, do contato, do corpo. O frio da realidade, da insensibilidade, o gelo da mente. Não quero que as coisas permaneçam como estão. Sinto-me afastando das pessoas e de mim mesmo cada dia mais. Mas, ao mesmo tempo, não quero continuar perto das mesmas pessoas e muito menos de mim mesma. Essa terrível sensação de que as semanas têm durado infinitamente mais do que deveriam e de que os momentos que deveriam ser eternizados como únicos se tornaram banais e repetitivos. Deus, como sinto falta de um propósito. De planos. De anseios.
Lembro quando eu era mais nova, deitada na minha cama madrugadas inteira, ouvindo minhas músicas e sonhando com objetivos e designando a mim mesma tarefas que fariam eu me aproximar de quem eu queria e deveria ser. Acredito que quem sou hoje não é o resultado que eu tanto esperei alcançar.
Não quero me lamentar, só precisei escrever pra quem sabe, de algum forma, entender o que estou sentindo. Organizar meus pensamentos até criarem forma e me dizerem onde preciso chegar.
Viver dubiamente é ter constantes incertezas. Tão mais fácil seguir uma receita do que me arriscar e falhar por conta própria. Tão mais fácil culpar terceiros inocentes a primários verdadeiramente envolvidos. E, de uma forma ou de outra sou sempre primário, sou sempre terceiros. Sou um espectador assistindo a um filme do qual fez figuração.
Queria viver de amor, vinho, música e poesia. Mas, o amor acaba o vinho embriaga, a música termina e a poesia se vende. Na verdade, acredito que esses quatro elementos são ramos diferentes da mesma árvore. Dessa árvore eu sou a raiz. Aquela que cava em direção às águas até chegar ao ponto mais profundo, estável, porém intocável e invisível. Ou eu me mostro e mato a árvore ou permaneço onde estou até que a árvore seja arrancada pela mesma mão que a cultivou. Eu sei que é preciso manter a árvore viva, e que meus frutos (o amor, o vinho, a música e a poesia) possam ser extraídos um a um, de acordo com a estação do ano a que pertencem. Mas, o que fazer se sempre me encontro no outono, onde não tenho muitos frutos para serem extraídos, e o que me resta é cavar rumo às águas o mais profundo que eu puder...
Minha dualidade rouba-me a liberdade, pois como diz uma de minhas escritoras preferidas, Clarice Lispector, “Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade, mas estou presa dentro de mim.”!!!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quem sabe de quem?

Já ouvi que pareço louca, que pareço pura, que pareço moça, mas a verdade é que nunca ninguém me soube!
Vivo desaprendendo para aprender. Reiniciando, “deletando” para escrever em cima. Pensava que isso só era possível pelo processo de reencarnação, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida.  Basta perder o receio de mudar.
É assustador olhar para dentro e encarar-me de frente, defrontar com meus fantasmas, mas não posso sublimar um mostro que me deforma e que desfigura minha realidade. Por mais que me perca, analiso que pior do que se sentir perdida é perder-se em si mesmo.
Disseram-me que assusto e que distancio pessoas, mas veja; quantos não são capazes de perceberem que estão envoltos no emaranhado do que acreditam misturado ao que de fato é. O que acreditam, apostando corrida com o que mais detestam.  Mentem, e suas mentiras ferem, mas não veem que mentem a si mesmos. Escondem-se nas muitas desculpas para não se conscientizarem da verdade. Enganam-se constantemente, fazendo de conta que são capazes de se identificarem com a fonte suprema da verdadeira vida. Insistem em ver somente através dos olhos e ouvir apenas com os ouvidos, e com isso, menosprezam toda a essência de quem cruza seus caminhos. Vivem limitados pelo corpo. O que têm, está “jogando palitinhos” com o que querem. Porém, me questiono; quando a cabeça pensa demais será que nossa alma enriquece? 
Vivo cheia de indagações e de táticas que não fazem o menor sentido. (pelo menos em determinados momentos). Minhas certezas mudam, minhas prioridades deixam de serem prioridades já que nem sei mais o que desejo. Até sei, mas está tão longe e eu tão cansada que o mais fácil é deixar que as prioridades me encontrem. Meus olhos pesam e meu coração já bate fraco. De tanto que bateu a vida inteira. De tanto chorar amor e fracassos. De tanto chorar pelo leite derramado, já não sei... Me entender é complicado demais!
Sem contar que certas coisas não se explicam. Não existem palavras que as descrevam ou soluções que as resolvam.  Sentimentos, gestos, sonhos e sorrisos. A alma entende e a boca cala. Dor, susto, drama e tragédia, a gente nasce sabendo. Saber ser feliz exige décadas para entender e, ao mesmo tempo, pede tão pouco. Muitas vezes, se vive somente para relatar o quanto nossa vida é impressionante, mas lá no fundo persiste uma mágoa desconfiada de não vivermos o que realmente desejamos. E o que desejamos não se diz, arde!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fora das profundezas!

Saí das profundezas para aprender a amar, para aprender a viver. Não saí das profundezas para evitar os erros que fiz. É por isso que estou aqui! Saí para ajudar e para compreender, não para matar-me por dentro. Levarei muitas vidas até ter sucesso, até limpar os débitos de muitas centenas de anos. É por isso que estou aqui!
Só não me diga que não posso errar, enquanto você anda lá fora, levando suas montanhas de poeira... Deixe-me ser o vento forte que sopra no branco e solitário oceano, que é meu mundo. Ando perdida no meu deserto, às vezes, mas não me condene você que anda fora do seu! Posso até ficar só, aqui, neste anel de fogo, mas não esqueço os dias que se foram. Protejo meu corpo e cuido de minha alma. Fujo das suas visões... Prefiro estar perdida no meu deserto, porém sentir esperanças, e não ser como poeira na estrada. Busco ser, um dia, como a lua que ilumina o caminho de alguém. Não quero ser o sol que pode cegar os olhos!
Rezo aos céus para não ser a neve que cai nos corações humanos. Mas, ainda preciso livrar-me das minhas duvidas, e só então, amparar você que hoje me condena! Rezarei aos céus para que um manto cubra meus ombros, toda vez que sentir o sopro de suas críticas, de suas cruéis acusações. Que um véu de seda e ouro deixe claro, quando as sombras chegarem e escurecerem meu coração. Sei que meu instinto é selvagem, e a vida social um paradoxo, ambos estão lado a lado. Por isso, busco minha essência! Não tente me submeter às suas regras estúpidas! Deixe-me ser eu mesma e não uma tola! Não aceito hábitos regulares... Abro meu coração e empurro os limites... Deixe-me!!! Só eu mesma posso permitir-me equivocar!

domingo, 15 de julho de 2012

Medo de amar

Quando o vi meu desejo era desviar-me do fogo que existe na pele. Queria tornar-me fria como o gelo. Acalmar a fome voraz que me consome em segredo. Pois tenho medo de mim, de ti, de tudo. Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes... Atormentam-me esses cruéis receios. É que o vento soprando, torna incêndio a chama viva que teu toque ateia! E a plantinha humilde do meu ser torrará na labareda que se enrosca em meu corpo, quando o calor das tuas mãos, amarrotando o meu vestido, despertar-me a volúpia doce. Queimar-me-ei ao pisar descalça como uma criança louca, sobre um chão de brasas! E na manhã, com o dia começando, você deixa minha casa. Meu coração estará quebrando. A minha juventude passou faz tempo. E nas noites seguintes estarei sozinha. Os céus escuros profundamente intermináveis.  Ao final estou triste, pesarosa e abatida. Sinto que não há mais ninguém do meu jeito. Mas, é esse meu destino. O medo sempre vem atrapalhar o amor, me impedindo de voar por cima dos gelos e das pedras aguçadas. Por fugir desse fogo, sinto a tempestade se aproximando. Pergunto então a meu Anjo guardião; você estará por perto se a chuva cair? Devo acreditar que você surgirá para serenar a tempestade? Só queria a sua promessa! Sinto que é cedo demais para desistir de sonhar. Ainda desejo que a lua se ponha e mude o meu amanhã. Você sussurra em minha consciência que tudo pode acontecer, que minha fé moveria a Terra e o Mar. Meu querido Anjo ajude-me! Eu posso sentir todas aquelas nuvens escura desaparecendo quando sinto tua presença, então se faz presente nesse momento, deixa esse amor acontecer, alegre minha alma...

Se você se deitar comigo...

É só mais uma noite e eu estou encarando a lua, vejo uma estrela cadente e penso em você. Há uma ligação entre as belezas do mundo e voc...